Projetos

Projeto de Cooperação Acadêmica – PROCAD/CAPES (UFRGS/UFRRJ/UFSC)

2008-2011 → Cruzando fronteiras: a história do trabalho no Brasil para além das dicotomias tradicionais

A história do trabalho vem passando por um acelerado processo de expansão e renovação no Brasil nas últimas décadas. Não se trata de um fenômeno isolado, mas sim de uma manifestação específica da tendência internacional de deslocamento da centralidade da pesquisa sobre o tema rumo aos países de industrialização recente. Um dos aspectos mais destacados desta produção recente é a busca pela superação das dicotomias que, tradicionalmente, isolavam em campos de estudo diferenciados o trabalho livre e o trabalho escravo, o trabalho urbano e o trabalho rural, o trabalho formal e o trabalho informal. Ao mesmo tempo, busca-se apreender a experiência da classe trabalhadora de forma ampla, envolvendo processo de trabalho, formação de identidades, cotidiano e culturas de classes, relações de gênero e estruturas familiares, ao lado da releitura de objetos de estudo mais tradicionais, como os da organização sindical e da participação política. Somando-se a tudo isso, o desenvolvimento da pesquisa sobre o tema em regiões até recentemente não estudada começa a criar, pela primeira vez, condições para uma história do trabalho efetivamente nacional, em lugar da tentativa, geralmente mal-sucedida, de aplicação de modelos gerados a partir de estudos empíricos focados no eixo Rio-São Paulo para propor explicações para o país como um todo. Esse conjunto de transformações ganhou um poderoso impulso a partir de 2001 com a criação do Grupo de Trabalho Mundos do Trabalho no interior da Associação Nacional de História (ANPUH), que desde então, tem assegurado, além da intensificação da troca de correspondência permanente, a realização de um encontro anual nacional da rede de pesquisadores dedicados à temática, seja por meio de da organização de simpósios temáticos no interior do Simpósio Nacional da História (anos ímpares) ou da realização das Jornadas Nacionais de História do Trabalho (anos pares). As três equipes de pesquisadores de pesquisadores articuladas no presente.

Integrantes: UFRGS: Regina C. L. Xavier (coord.), Benito Bisso Schmidt, Silvia Regina Ferraz Petersen, Helen Osório; UFRRJ: Alexandre Fortes, Alvaro Pereira do Nascimento, Fabiane Popinigis, Caetana Damasceno, Vânia Losada Moreira; UFSC: Adriano Luiz Duarte, Beatriz Gallotti Mamigonian, Henrique Espada Rodrigues Lima Filho, Paulo Pinheiro Machado.

2017 – Atual – Projeto CAPES-Memórias Brasileiras.  Afrodescendentes na região Sul: biografias, trajetórias associativas e familiares

O trabalho de pesquisa aqui proposto objetiva constituir biografias individuais de personagens afro-brasileiros que, na Primeira República, engajaram-se em espaços de sociabilidades e militância da região meridional do Brasil, especificamente nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Agregando pesquisadores de universidades federais dos três estados (UFPR, UFSC e UFPEL), realizará também estudos de trajetórias familiares de alguns dos personagens estudados. Por meio de publicação de livros, artigos e materiais para a Educação Básica, bem como de ações para formação de jovens pesquisadores, para capacitação de recém-doutores e e sensibilização de professores da Educação Básica em relação ao tema, visa contribuir para a ampliação dos conhecimentos sobre a temática e para o adensamento da compreensão da construção da cidadania no contexto republicano, abarcando, entre outros aspectos, a importância das distinções sociais existentes no período.

Integrantes: UFPR: Joseli Maria Nunes Mendonça (Coordenadora), Pamela Fabris; UFSC: Beatriz Gallotti Mamigonian, Henrique Espada Rodrigues Lima Filho, Luana Teixeira; UFPel: Lorena Almeida Gill

 

Professora Beatriz Gallotti Mamigonian

2011–Atual → Santa Afro Catarina: Educação Patrimonial e a Presença de Africanos e Afrodescendentes na Ilha de Santa Catarina

O programa Santa Afro Catarina visa promover a identificação, valorização e difusão do patrimônio cultural associado à presença dos africanos e afrodescendentes em Florianópolis. O projeto Santa Afro Catarina: Roteiros Históricos na Ilha de Santa Catarina produzirá e divulgará roteiros que configuram percursos por diferentes lugares da cidade significativos para a história dos africanos e seus descendentes. Serão produzidos um website e folders para divulgação dos roteiros históricos. O website conterá um banco de documentos associados a esses roteiros. Será promovido um curso para capacitar guias de turismo para o uso dos roteiros históricos. O projeto Educação Patrimonial e História Local: africanos e afrodescendentes na Ilha de Santa Catarina compreende a educação patrimonial associada ao ensino de história e será desenvolvido na Escola Municipal Dilma dos Santos no bairro da Armação. Compreende também um trabalho de produção de acervo de entrevistas para registrar as memórias dos moradores, visando à elaboração de um roteiro histórico que será divulgado e incorporado ao website. Outra ação de extensão é a promoção de um curso visando à formação de professores para elaborar e desenvolver projetos interdisciplinares de educação patrimonial, associados aos roteiros históricos e ao ensino de história local.

Participantes: Henrique Espada Lima, Monica Martins da Silva.

2018 – Atual:  A liberdade precária, as condições degradantes e as fronteiras da escravidão
 
Descrição: Este projeto pretende investigar a prática da escravização de pessoas livres e a maneira como foi criminalizada e julgada no Brasil ao longo do século XIX. Traçando paralelos com o trabalho análogo a de escravo no Brasil contemporâneo, a pesquisa buscará os casos (e sujeitos) no limite entre a liberdade e a escravidão, buscando recuperar os termos das reivindicações de condiçõe dignas e apurar o que era considerado aceitável e o que era intolerável para os trabalhadores e o judiciário. Além dos processos-crime por ?redução à escravidão de pessoas livres? (artigo 179 do Código criminal) a pesquisa buscará ações cíveis envolvendo pessoas em liberdade condicional que foram escravizadas ilegalmente ou sofriam ameaça de sê-lo. Desta maneira, o projeto pretende contribuir para a história do trabalho e do direito, assim como dialogar com os estudos sobre trabalho escravo contemporâneo na busca do entendimento das fronteiras conceituais da escravidão.
Integrantes: Beatriz Gallotti Mamigonian (UFSC), Keila Grinberg (UNIRIO), Gabriela Barretto de Sá (UNEB/UnB), Mariana Dias Paes (Max Planck Institute for European Legal History), Antonia Marcia Pedroza (UFCE)

2015-2018 → Provas da escravidão: A matrícula de 1872 e outros registros da propriedade escrava no Brasil Imperial

Enquanto as formas de conquista, disputa e registro da liberdade foram bastante exploradas na historiografia da escravidão brasileira nas últimas décadas, o processo de escravização e sobretudo os registros produzidos da propriedade sobre pessoas ainda não foram problematizados. Considerando o contexto de construção e consolidação do Estado Imperial e de esforço de codificação do direito, esse projeto tem como objetivos elencar as provas de escravidão reconhecidas como legítimas e investigar as mudanças no sistema de registro de propriedade escrava durante o século XIX apurando se, efetivamente, a instabilidade da propriedade sobre os africanos trazidos por contrabando afetou as formas de registro de propriedade escrava em geral

2012-2015 → Os registros dos africanos: o Estado imperial e as fronteiras da escravidão e da liberdade no século XIX

Os africanos que foram emancipados dos navios negreiros e postos sob a tutela do governo imperial entre 1821 e 1856 compuseram a categoria que as autoridades imperiais mais se preocuparam em registrar. Dos “africanos livres” temos listagens nominais de distintos momentos de suas vidas, culminando com a “matrícula geral dos africanos livres”, feita entre 1865 e 1868, quando cresciam pressões pela extensão do direito à emancipação a todos os africanos importados durante o tráfico ilegal. Este projeto visa problematizar a produção de registros dos africanos livres pelas autoridades da Corte e das províncias em contraste com a falta de exigência ofiial e a ambiguidade dos registros individuais usados para identificar os africanos importados por contrabando durante o mesmo período.  A política imperial relativa ao registro e à identificação  de indivíduos será analisada no contexto da modernização das formas de “legibilidade” da população pelos Estados modernos no século XIX mas também no contexto específico da política da escravidão no Império. Acredito que a produção de registros de identificação dos africanos livres tenha servido ao mesmo tempo para garantir-lhes o status de livres e negá-lo aos africanos importados durante o tráfico ilegal. Num sentido mais amplo, o projeto se insere numa investigação comparativa acerca das transformações do estatuto civil e dos direitos dos africanos no Brasil e no Atlântico na era da abolição.

2009-2012 → Africanos livres (só) no papel: o Estado imperial, os registros individuais e as fronteiras da escravidão e da liberdade no século XIX

Descrição: Os africanos que foram emancipados dos navios negreiros e postos sob a tutela do governo imperial entre 1821 e 1856 compuseram a categoria que as autoridades imperiais mais se preocuparam em registrar. Dos “africanos livres” temos listagens nominais de distintos momentos de suas vidas: da emancipação na chegada, da distribuição para o serviço obrigatório junto a particulares ou instituições públicas, da presença nas instituições e também feitos por ocasião da concessão das cartas de emancipação definitivas. Além disto, em contexto político delicado, procurando responder às demandas britânicas e as pressões pela extensão do direito à emancipação a todos os africanos importados durante o tráfico ilegal, o governo brasileiro emancipou os últimos e procedeu a uma “matrícula geral dos africanos livres” entre 1865 e 1868. Este projeto visa coletar, transcrever e analisar as listagens nominais dos africanos livres da Corte e das províncias e problematizar a produção da matrícula, considerando esta preocupação com o registro e a identificação no contexto da modernização das formas de “legibilidade” da população pelos Estados modernos no século XIX mas também no contexto específico da política da escravidão no Império. Num sentido mais amplo, o projeto se insere numa investigação comparativa acerca das transformações do status civil e dos direitos dos africanos no Brasil e no Atlântico na era da abolição.

2006-2011 → Os direitos dos africanos na era da abolição

Este projeto propõe investigar os conflitos políticos e diplomáticos acerca dos direitos dos africanos atingidos pela proibição do tráfico de escravos para o Brasil e assim revisitar o impacto da pressão britânica sobre a política imperial e o encaminhamento da questão servil nas décadas de 1850 e 1860. A controvérsia acerca do direito à liberdade dos africanos envolveu, entre a década de 1830 e a de 1880, os sucessivos gabinetes do governo imperial, os proprietários de escravos, os agentes britânicos no Brasil, os próprios africanos e também juristas e advogados. O direito à liberdade inscrito no tratado Anglo-Brasileiro de 1826 e na lei de 7 de novembro de 1831 foi burlado pelos proprietários com a conivência do governo, enquanto apenas uma pequena parcela dos que foram trazidos para o Brasil teve tratamento de africanos livres , sendo emancipados e ficando sob a tutela do governo imperial. Quase todos os africanos importados depois da proibição do tráfico foram mantidos como escravos. O enfoque, nesta fase do projeto, recai sobre o período entre a lei Eusébio de Queirós e as discussões dos projetos que se tornaram a Lei do Ventre Livre, e se concentra no impacto político das ações britânicas em defesa da liberdade dos africanos livres e dos africanos importados de contrabando. Num sentido mais amplo, o projeto se insere numa investigação comparativa acerca das transformações do status civil e dos direitos dos africanos no Brasil e no Atlântico na era da abolição.

2002-2006 → Africanos no sul do Brasil: rotas do tráfico e identidade étnica

Este projeto visa mapear a população africana na região sul do Brasil, sua divisão por grupos de procedência e estudar a reconstituição de identidades étnicas africanas entre os séculos XVIII e XIX. Num primeiro momento, o foco recai sobre as rotas do tráfico que traziam escravos para a Ilha de Santa Catarina. Em colaboração com pesquisadores de outras universidades integrantes do grupo de pesquisa “A experiência dos escravos africanos e de seus descendentes no Brasil”, este projeto se estende para o território que constiuía, no fim do Império, as províncias do PR, SC e RS. Participante: Henrique Espada Lima

Professor Henrique Espada Lima

2014-Atual → A virtude ambígua da liberdade: trabalho livre, contrato e a vida dos libertos no Brasil antes e depois da abolição da escravidão

Descrição: O projeto aqui apresentado é a continuação do projeto anterior, intitulado ?Pobreza e perigo: trajetórias individuais e intergeracionais de trabalhadores libertos e pobres em Santa Catarina no século XIX?. Nessa nova etapa, mantivemos e expandimos os objetivos anteriores, incorporando algumas dimensões e direções de investigação que o próprio desenvolvimento da pesquisa exigiu. Como o projeto anterior, este também se relaciona diretamente com o resultado acumulado das indagações teóricas, metodológicas e historiográficas que marcaram minha trajetória de pesquisa na última década, articulando a discussão teórica e metodológica inspirada pela ?micro-história? com a pesquisa mais recente sobre as trajetórias de libertos entre a escravidão e o pós-emancipação, bem como o interesse pelas discussões sobre os limites ambíguos entre a ?escravidão? e a ?liberdade? na história do trabalho, em uma perspectiva comparativa e ?global?. De um ponto de vista teórico e metodológico, a ênfase nas trajetórias individuais e de grupo, nas microanálises e na atenção sobre a dimensão ativa dos atores sociais continuam a ser centrais para a construção de minhas estratégias de investigação. Nesta nova etapa do projeto, convém destacar a ampliação do quadro de discussões para além do recorte na história de Santa Catarina, passando a incorporar também o estudo de casos selecionados em outras partes do país.

2011-Atual → African Trajectories in Southern Brazil: Life Cycles, Generational Transits, and Survival Strategies between Slavery and Freedom (Nineteenth Century)

Descrição: This project at the International Research Center will focus on the reconstruction of trajectories of individuals, families and groups of freed African slave workers and their descendants in a southern Brazilian locality  the Island of Santa Catarina  through an intense research on serial (notarial and parochial) records, as well as civil and criminal records and postmortem inventories made by the States judicial authorities. The research will examine and reconstruct these trajectories, focusing on the numerous strategies and arrangements made by these men and women in order to free themselves from slavery as well as to assign meaning and content to the freedom they achieved. Special attention will be payed to the generational transits and the differential possibilities of building labour and freedom arrangements through the different moments of the life cycles of individuals and families. The period covered by the research goes from c.1830 to 1900, focusing on the long term process of disaggregation of the Brazilian slave system, as well as the first decade after Emancipation (occurred in 1888). Finally, his research will discuss through a micro-historical approach a wide frame of questions focused on the blurred boundaries between slavery? and freedom, inspired by an important and growing scholarship in the field of labour history in a global and transnational perspective.

2009-Atual → As “Crônicas Lageanas” de Reuben Cleary

Descrição: O médico e engenheiro norte-americano Reuben Cleary (nascido em 1835) foi capitão do exército confederado na Guerra Civil americana. Após a derrota do Sul, Cleary muda-se para o Brasil, onde acaba se instalando na cidade de Lages, em Santa Catarina. Na cidade de Lages, atua como médico e agrimensor. Morre provavelmente no Rio de Janeiro no final do século. Entre os papéis que deixou está o manuscrito, jamais editado, de um livro intitulado “Chronicas lageanas Ou Um registro dos fatos e observações sobre os hábitos e costumes no Sul do Brasil Extraído das notas feitas no lugar, durante um período de mais de vinte anos”, datado de 1886. O manuscrito encontra-se microfilmado na Biblioteca do Congresso dos EUA. O resultado deste projeto pretende ser a publicação de uma edição comentada do livro de Cleary, baseada no manuscrito original e nas pesquisas acessórias realizadas nos arquivos de Lages e do Rio de Janeiro.

2007-Atual → História do Remo em Santa Catarina – Esporte e Sociedade

Descrição: O Projeto tem como objetivo geral produzir um livro que conte a história do Remo em Santa Catarina, prática esportiva que tem sua origem no início do Século XX, vinculada à modernização, à urbanização e à formação de espaços de lazer, sociabilidades e educação do corpo saudável e belo. A capital do Estado, Florianópolis, teve sua vida física, social, cultural, imagética e até política ligada à ?maritimidade?. Nesse meandro, a prática do remo carreou a sua historicidade no século XX. As outras cidades de projeção do Estado (Joinville, Blumenau, Itajaí) foram também atraídas para essa formalidade de prática esportiva carreada pela capital que, com seus diversos clubes promotores, seus grandes campeonatos e campeões do remo, promoveram a animação cultural, deu visibilidade aos grupos sociais e políticos, às redes de amizade e sociabilidade que transcendem o âmbito do tempo-espaço do esporte e do lazer, atingindo relações políticas, econômicas e sociais.

2001-Atual → História e micro-história: teoria e historiografia

Descrição: Partindo do debate desenvolvido por historiadores na Itália entre as décadas de 1970 e 1980 e extendendo-se não apenas para fora das fronteiras italianas, mas também para além das fronteiras da própria disciplina histórica nas últimas décadas, a micro-história vem sendo responsável por colocar em evidência temas fundamentais para a discussão das ciências humanas contemporâneas: o problema epistemológico do conhecimento do individual e do irrepetível, o problema metodológico das variações de escala de análise, o lugar da narração como instrumento cognitivo no campo das ciências do homem, são alguns deles. Este projeto, conduzido em caráter permanente, explora tanto no campo da teoria da história e das ciências humanas, quanto no campo da historiografia, os desdobramentos da micro-história e as possibilidades que ela abre para discussão e pesquisa.

2011–2014 → Pobreza e perigo: Trajetórias individuais e intergeracionais de trabalhadores libertos e pobres em Santa Catarina no século XIX

Os objetivos principais deste projeto articulam-se em torno do estudo da diversidade das experiências dos trabalhadores homens e mulheres, libertos e livres pobres, bem como suas transformações no Brasil meridional durante o século XIX, tendo o território de Santa Catarina como seu foco principal de análise. O projeto, financiado pelo CNPq com uma bolsa de produtividade, dá continuidade ao projeto anterior, ampliando seus interesses para incluir categorias de análise como “ciclos de vida” e “trânsito geracional”, enfatizando sua aproximação com a história do trabalho.

2008-2011 → Entre a liberdade e a precariedade: experiências de libertos e seus descendentes em Santa Catarina no século XIX

Os objetivos principais deste projeto articulam-se em torno do estudo da diversidade das experiências dos libertos e dos seus descendentes, bem como suas transformações no Brasil meridional durante o século XIX, tendo o território de Santa Catarina como seu foco principal de análise.

2005-2008 → Contratos de trabalho entre a escravidão e a liberdade: um estudo sobre os fundos cartoriais no litoral catarinense, século XIX

Trata-se de levantar, junto aos cartórios ativos no litoral catarinense no século XIX (sobretudo Desterro, Laguna, Palhoça e São José), alforrias e contratos de trabalho envolvendo ex-escravos. O projeto visa, por um lado, fazer um levantamento completo desses documentos em um banco de dados; por outro, pretende discutir os significados desses contratos no contexto das transformações jurídicas e sociais que envolveram o trabalho no Brasil no século XIX.

2004-2006 → Africanos no sul do Brasil: rotas do tráfico e identidade étnica

Descrição: Apesar do reconhecimento de genéricas “heranças africanas” na mestiçagem cultural brasileira, a imagem dos africanos de primeira geração se diluiu rapidamente na memória popular ao longo do século XX. Hoje, renovado interesse por parte dos descendentes de africanos nas Américas e inédita colaboração entre africanistas e especialistas nas populações negras nas Américas e em outros continentes apontam para uma “redescoberta” da África espalhada pelo mundo. O Brasil, tendo recebido aproximadamente um terço de todos os escravos trazidos para as Américas durante os três séculos de duração do tráfico atlântico é terreno importante desta busca. Envolvendo metodologias diversas, das pesquisas demográficas quantitativas à microhistórica reconstituição de trajetórias de vida, este campo de estudos já tem algumas questões e achados comuns. Tem também muitas lacunas. A pesquisa proposta por este projeto trará contribuição para a história diáspora africana no Brasil, ao estabelecer foco sobre a região sul e comparar os elementos da presença africana aqui com os achados conhecidos a respeito de outras regiões brasileiras onde as peculiaridades da experiência africana têm sido mais exploradas. Para cumprir o objetivo de estudar a constituição de identidades étnicas entre a população africana em Santa Catarina (entre 1750 e 1888) serão pesquisadas as fontes eclesiásticas e cartoriais disponíveis hoje nos municípios da Grande Florianópolis (a Ilha de Santa Catarina e a costa adjacente), Laguna e Lages. Constituem objetivos deste projeto a criação de um fundo documental e arquivo digitalizado para pesquisa sobre a população de origem africana em Santa Catarina, bem como a formação de recursos humanos em nível de graduação e pós-graduação treinados para ensino e pesquisa em história da diáspora africana nas Américas.

2002-2004 → Na trama da ordem pública: instituições de controle social e grupos subalternos no Desterro, século XIX

Descrição: O objetivo deste projeto é investigar a experiência dos trabalhadores, livres e escravos, na cidade do Desterro no século XIX. O projeto tematiza, entre outras coisas, as formas de controle social na cidade, a “transição” para o mercado de trabalho livre em ambiente urbano, os conflitos sociais e as solidariedades protagonizados pelos trabalhadores pobres durante o século XIX. As fontes para a pesquisa são: as correspondências oficiais, a documentação judiciária e cartorial. Datas limite: 1829-1888.

Professor Paulo Pinheiro Machado

2014-Atual → Fronteira, colonização e construção do território: o apossamento do planalto meridional brasileiro. (1850-1912)

Descrição: Como uma continuidade dos estudos sobre Política de Terras em Santa Catarina entre 1854 e 1916, este projeto tem como finalidade o estudo dos padrões de apropriação territorial e os conflitos envolvidos na ocupação dos territórios fronteiriços do planalto meridional brasileiro. Procura refletir e investigar não apenas sobre a política oficial de legislação e distribuição de terras a colonos europeus, companhias particulares e grandes pecuaristas, mas à criação e manutenção de aldeamentos indígenas, colônias militares e de nacionais, além do assentamento de veteranos da Guerra do Paraguai. Focando na analise crítica da documentação judiciária, militar, diplomática e administrativa, a investigação deseja entender o processo de ocupação da fronteira agrícola, as estratégias levadas a efeito para a legitimação de posses, o processo de concentração das propriedades, as ambigüidades e problemas para a aplicação da legislação de terras e, principalmente, as condições de existência e reprodução social da camada de lavradores pobres frente aos diferentes impactos vividos na região durante a Primeira República. Uma pesquisa sistemática neste sentido é de fundamental importância para se conhecer a dinâmica da sociedade do planalto no início da República e se estabelecer o peso das questões agrárias no desencadeamento do movimento do Contestado, sem deixar de lado o estudo dos perfis sociais e das formas de apropriação do território nas localidades não atingidas pela guerra sertaneja.

2012-Atual → Rede Proprietas: Propriedade, inovação e bem comum

Descrição: O presente projeto consiste em uma proposta de estudo acerca da propriedade – enquanto instituição social – em algumas de suas distintas dimensões, com ênfase para seus efeitos sobre a produção e o acesso a bens tecnológicos e culturais (propriedade intelectual e direito autoral. Elegendo-se a perspectiva histórica como um viés válido e profícuo de análise, preten)de-se refletir sobre a construção e funcionamento de determinadas estruturas de regulação da propriedade (agrária, urbana, creditícia e intelectual), tendo em vista a construção de parâmetros de comparação sobre a apropriação de bens tangíveis e intangíveis. Esse estudo comparativo será desenvolvido tanto do ponto de vista sincrônico – cotejando-se experiências nacionais distintas em momentos históricos específicos – quanto diacrônico – atentando-se para as continuidades, transformações e rupturas ocorridas ao longo do tempo nos arcabouços jurídico-institucionais observados. Levando-se em conta o destaque que a propriedade intelectual aufere no atual contexto, em que se consolida globalmente a chamada “era do conhecimento”, objetiva-se fomentar os debates e contribuir para o aprofundamento das reflexões sobre a matéria no país, submetida a uma crescente valorização, porém ainda carente de interlocutores. Para isto, vislumbra-se, para além do exercício de um amplo esforço de pesquisa, a elaboração de um trabalho de divulgação e disseminação junto ao grande público, dos múltiplos temas e objetos que envolvem o campo da propriedade, priorizando-se o alcance aos jovens pesquisadores e estudantes. Como desdobramento deste projeto está sendo criada a REDE Proprietas, que abrigará os laboratórios e pesquisadores envolvidos em pesquisa sobre a dimensão histórica da propriedade, em suas múltipla dimensões.

2011–2014 → A política de terras em Santa Catarina: posse, propriedade e legitimação no Planalto Serrano e Meio-oeste no final do Império e início da República (1854-1912)

Este projeto tem como fim investigar a política de terras de Santa Catarina durante a segunda metade do século XIX e o início do Século XX, na região Planalto e meio-oeste deste Estado, local onde se desenrolou o movimento do Contestado (1912-1916). Através da analise da documentação judiciária e administrativa, a investigação deseja entender o processo de ocupação da fronteira agrícola, as estratégias levadas a efeito para a legitimação de posses, o processo de concentração das propriedades, as ambigüidades e problemas para a aplicação da legislação de terras e, principalmente, as condições de existência e reprodução social da camada de lavradores pobres frente aos diferentes impactos vividos na região durante a Primeira República. Uma pesquisa sistemática neste sentido é de fundamental importância para se conhecer a dinâmica da sociedade do planalto no início da República e se estabelecer o peso das questões agrárias no desencadeamento do movimento do Contestado.

2007-2009 → Levantamento de fontes sobre movimentos messiânicos no norte de Santa Catarina (1925-1943)

Descrição: Trata-se de um projeto que tem como objetivos o levantamento de fontes sobre o movimento da “Corte Celeste” de Barra Velha (1927) e dos “fanáticos” de Porto União (1942). O estudo procura estabelecer a origem social dos participantes, suas ligações com manifestações messiânicas de outras regiões e o significado que procuravam dar a algumas práticas sociais e religiosas.

2006-2010 → Estudo sobre os movimentos sociais rurais na Espanha oitocentista

Descrição: Este projeto prevê a pesquisa bibliográfica e documental em acervos de Barcelona, da Catalunha, além de instituições da Espanha, sobre as atividades e os projetos desenvolvidos pelos movimentos camponeses ibéricos no século XIX, particularmente sobre a atuação dos camponeses nas duas primeiras guerras carlistas (1833-40 e 1846-49). Será importante oportunidade de formação e aprendizagem para o desenvolvimento de estudos comparativos com movimentos sertanejos brasileiros, particularmente com a Guerra Sertaneja do Contestado (1912-1916).

2003-2006 → Maragatos Desgarrados: As lideranças federalistas do planalto catarinense. (1895-1912)

Este projeto de pesquisa tem como objetivo investigar as trajetórias políticas e individuais de diferentes lideranças federalistas que, a partir de 1912, participaram no movimento do Contestado. A união das tradições federalista e de São João Maria, ocorrida a partir do “Canudinho” de Lages e a constante marginalização política por parte dos “pica-paus”, são aspectos que devem ser considerados como ponto de partida da pesquisa. Em seu desenvolvimento, durante o ano de 2004, está prevista a pesquisa em acervos minicipais de Lages, Campos Novos, Curitibanos, Canoinhas, Rio Negro e União da Vitória.

2002-2005 → Levantamento de fontes sobre o Canudinho de Lages (1897).

Entre agosto e setembro de 1897, na região entre os Rios Canoas e Pelotas, então Município de Lages, formou-se um povoado com 300 habitantes em torno de um indivíduo chamado Miguelito, que apresentava-se como irmão do profeta João Maria. Além de doentes, penitentes e seguidores de João Maria, passaram a afluir ao povoado alguns refugiados políticos federalistas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Tendo em vista a formação da quarta expedição a Canudos, na Bahia, nesta época, a imprensa catarinense passou a denominar este movimento de “Canudinho de Lages”. O povoado foi destruído em setembro de 1897 pela ação de Regimento Provisório da Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Este movimento respresenta um importante momento da fusão das tradições federalista e de “São” João Maria. O projeto de Levantamento de fontes sobre o Canudinho de Lages (1897) foi trabalhado em conjunto com o Projeto de resgate da Memória Histórica, Cultural e Paisagística da região a ser atingida pela Usina Hidrelétrica de Campos Novos.

2002-2004 → Levandamento histórico da região atingida pela barragem da Usina Hidrelétrica de Campos Novos

Descrição: Este projeto de pesquisa levantou documentação do Arquivo Público do Estado de Santa Catarina, da Biblioteca Pública do Estado (periódicos), do Museu do Judiciário Catarinense, do Museu Thiago de Castro (Lages), do Arquivo Municipal Dr Waldemar Rupp (Campos Novos) e de 17 entrevistados, moradores do vale do rio Canoas, dos municípios atingidos pela barragem: Campos Novos, Abdon Batista, Anita Garibaldi e Celso Ramos. No relatório produzido, foi analisado o povoamento da região desde os fins do século XVIII, a atividade da pecuária e do tropeirismo, a relação com indígenas, a escravidão no rio Canoas, o envolvimento da região nos movimentos farroupilha (1835-1845) e federalista (1893-1895), no Canudinho de Lages (1897) e na Guerra do Contestado (1912-1916). A chegada de imigrantes italianos e alemães, nas primeiras décadas do século XX diversificou o perfil étnico da região.

Professor Tiago Kramer de Oliveira

2015-Atual → A espacialização da economia colonial nas minas de Goiás: desconstruindo mapas, revelando espacializações

Descrição: A pesquisa tem como objetivo investigar a espacialização das atividades econômicas – particularmente das atividades agrárias – nos territórios das minas de Goiás, na primeira metade do século XVIII e sua conexão com as redes mercantis e com atividades econômicas espacializadas em outras regiões. Como documentação privilegiada para análise utilizamos cartas de sesmarias, registros de patentes e provisões, correspondências entre autoridades e ainda – com especial ênfase – a documentação cartográfica coeva. Não temos como pretensão um mapeamento exaustivo da localização e do quantitativo de terras utilizadas para agricultura e a pecuária nas minas de Goiás, mas sim revelar os laços que ligavam os territórios das minas de Goiás a dinâmicas econômicas mais amplas.